quarta-feira, 16 de abril de 2008

Teoria das redes e redes sociais na Internet (aula 15/04)

O texto nos expõe os diversos modelos de redes complexas e suas aplicabilidades nas redes sociais da Internet que são formadas através da comunicação mediada pelo computador (CMC)

Os primeiros trabalhos sobre teoria das redes se dão através do matemático Euler com a teoria dos grafos, que seriam um conjunto de nós conectados por arestas (as pessoas são os nós e os laços gerados através da interação social são arestas) formando uma rede.
Garton explica que a análise das redes sociais está centrada nos padrões de relações entre as pessoas.
Sendo assim a análise estrutural das redes sociais procura focar na “interação” como fator fundamental para o estabelecimento das relações sociais entre os humanos que originarão as redes sociais tanto no mundo concreto quanto no mundo virtual.

Vários teóricos criaram modelos de análise para tentar explicar as características e propriedades das redes.

MODELO DE REDES ALEATÓRIAS
Paul Erdos e Alfred Rényi trabalharam em cima da teoria dos grafos em que o processo de formação desses grafos era randômico, ou seja, os nós se agregavam aleatoriamente. Eles concluíram que todos os nós em uma rede teriam a mesma quantidade de conexões e que quanto mais links eram adicionados maior era a probabilidade de serem gerados clusters (grupo de pessoas altamente conectadas) que de tempos em tempos esses clusters se relacionariam com outros grupos (redes).

MODELO DE MUNDOS PEQUENOS
Stanley Milgram realizou experimentos para observar o grau de separação entre as pessoas e concluiu que as pessoas estariam em poucos graus de separação umas das outras, ou seja, em um “mundo pequeno”.
Teoria dos 6 graus de separação: De acordo com o experimento do envio de cartas que foi realizado, para chegar a qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo deverá se passar por no máximo outras 6 pessoas. Uma teoria falha pois o experimento foi realizado apenas no USA e não no mundo e a maior parte das cartas enviadas sequer chegou a algum destinatário final.
Mark Granovetter introduziu os conceitos de laços fortes e laços fracos. Para ele os laços fracos seriam mais importantes na manutenção da rede social que os laços fortes. Pessoas que compartilham laços fortes formam um grupo altamente clusterizado. Já as que mantém laços fracos seriam mais importantes pois conectariam vários grupos sociais. Sem eles os clusters existiriam como ilhas isoladas e não como rede. Sendo assim, para Granovetter as redes sociais não são randômicas, existe um tipo de ordem nelas.
Duncan Watts e Stevens Strogatz criaram modelo semelhante ao de Erdos e Rényi onde os laços eram estabelecidos por pessoas mais próximas e os laços que seriam estabelecidos de maneira aleatória entre alguns nós transformariam a rede num mundo pequeno.

MODELO DE REDES SEM ESCALAS
Barabási demonstrou que as redes não eram formadas de modo aleatório como foram tratadas por Ernos e Rényi e assim como Watts, Strogatz e Granovetter tinham apontado, existia uma ordem na dinâmica de construção das redes (algumas leis). Ele chamou a lei de “Ricos ficam mais ricos”. Ou seja, quanto mais conexões um nó possui, maiores as chances de ele ter mais novas conexões. Tais redes possuiriam poucos nós que seriam altamente conectados (hubs) e uma grande maioria de nós com poucas conexões. Os hubs seriam os ricos que tenderiam a receber sempre mais conexões. As redes seriam assim denominadas sem escalas.
Nos anos 90 foi descoberto que essa lei já não funcionava mais, passando a valer a lei do “quem possui uma melhor performance fica mais rico”. Tal lei é exemplificada com o surgimento do Google que conseguiu em pouco tempo superar o Yahoo devido a rapidez/qualidade dos resultados de pesquisas mostrados.

A partir daí a autora questiona se esses modelos seriam suficientes para dar conta das redes sociais constituídas na comunicação mediada por computador (CMC). Ela usa como objeto de estudo o Orkut, Weblogs e Fotologs.

No Orkut, quanto mais amigos o indivíduo tem, mais conexões ele recebe. Mas nem todos esses amigos são “amigos” de verdade. Logo a maioria dessas conexões pode ser falsa, pois não apresentam nenhum tipo de interação social.
Para o software, essas pessoas são conectores. Elas representam grandes nós que conectam vários grupos isolados. Mas não poderiam ser redes sócias, pois em sua formação dispensam interação. Portanto, no Orkut, só funcionam como hubs do sistema.
Sendo assim, o modelo de Barabási só funciona no Orkut no nível do software, ele não pressupõe interação social para o estabelecimento de conexões.
O modelo de Strogatz e Watts fica mais claro no Orkut pois é possível visualizar os clusters sob forma de grupos e comunidades e que são unidos entre si através de seus membros, que participam também de outros grupos. O Orkut é efetivamente um mundo pequeno.
Já o modelo de Ernos e Rényi parece fazer sentido a partir do momento que os hubs passam a fazer conexões aleatórias apenas para aumentar o número de amigos. Mas nem todas as conexões são assim, muitos procuram afinidades para conectar-se.

Weblogs e Fotologs podem representar um hub na medida em que possui uma quantidade de links que apontam para si. Entretanto só podem ser considerados hubs de uma rede social se tais links representam um tipo de conexão com os blogueiros e fotologueiros.
Aqui, todos os modelos parecem ter um problema, pois nenhum analisa a qualidade das interações. Todos os modelos estão preocupados com as propriedades estruturais das redes esquecendo-se que tal propriedade é determinada pelas interações que ocorrem nas redes.

CONCLUSÕES E APONTAMENTOS PARA A DISCUSSÃO
O modelo de Ernos e Rényi apresenta uma rede aleatória. Entretanto a relação entre indivíduos na CMC não é aleatória. As pessoas levam em conta diversos fatores ao escolher conectar-se ou não a alguém.
O modelo de Watts e Strogatz que atenta para a clusterização e o valor das pequenas conexões entre grupos para gerar mundos pequenos não observa pontos fundamentais como a motivação dessas conexões que nem sempre são aleatórias.
O modelo de Barabási traz a idéia da lei de “ricos ficam mais ricos” e a presença de conectores, mas não considera o custo de manutenção dos laços sociais. Além do mais, falha na formação de grupos sociais na Internet pois as pessoas procuram conectar-se a outras por motivos específicos e não por simplesmente possuírem mais conexões.
Todos os modelos possuem falhas devido a grande natureza matemática e pouco investigativa do teor das conexões.

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