sábado, 19 de abril de 2008

Software livre não é decisão ideológica, diz diretor da Sun

Por Taís Fuoco
PORTO ALEGRE (Reuters) - Para a Sun Microsystems, uma das primeiras grandes companhias de tecnologia a apoiar a abertura dos códigos-fonte de software à comunidade de desenvolvedores, será muito difícil uma empresa de tecnologia sobreviver no modelo antigo de negócios, baseado em sistemas fechados e pagamento de royalties.
Luiz Fernando Maluf, diretor sênior de estratégias para governo da Sun nas Américas, afirma que "algumas pessoas acham que a opção pelos sistemas abertos é ideológica; estão completamente enganados: é um modelo de negócios, matemático".
"O que algumas pessoas não percebem é que existem dois modelos de negócios na área de tecnologia neste momento", afirmou à Reuters durante o 9o. Fórum Internacional de Software Livre.
No caso do processo tradicional, baseado em registro de patentes, "a maior restrição é a velocidade de inovação", opinou.
O outro modelo envolve o que ele classifica como "economia de rede", onde todo o conhecimento é compartilhado em uma rede de pesquisadores para que uma empresa tenha acesso a inovações que sozinha não teria condições de fazer.
Ele citou o caso da tecnologia Java, criada nas dependências da Sun e que conta hoje com algo como 30 milhões de desenvolvedores.
"Esse grupo gera inovação com uma velocidade enorme", afirmou Maluf. Além disso, por se tratar de um contingente tão grande, é possível envolver pessoas não tão especializadas, o que reduz o custo do desenvolvimento e acelera a chegada de cada novo produto ao mercado, explicou.
"Tempo de acesso ao mercado é algo vital em tempos de economia digital", afirmou o executivo à Reuters. No caso do sistema operacional Solaris, criado pela Sun, desde que ela decidiu abrir seus códigos-fonte para a comunidade, o ciclo de desenvolvimento caiu de seis meses para 37 dias.
"Os dois modelos são antagônicos na era da economia digital", reiterou. No caso do processo tradicional, ele afirma que a receita só dura o tempo do registro de propriedade intelectual.
Para ele, "vai ser muito difícil uma empresa de tecnologia sobreviver no modelo fechado". O reflexo pode ser visto, inclusive, na cotação das ações, acredita ele. "Os acionistas costumam se basear em tendências", disse.
Ele citou o caso do Google como um exemplo da rapidez com que uma companhia pode se beneficiar da escolha pelo modelo aberto. "Quem era essa empresa três anos atrás?".
Questionado se, então, a Microsoft tinha sua sobrevivência em risco por conta da decisão de manter seus principais sistemas fechados, o executivo afirmou que não há alternativa.
"Duvido que a Microsoft mantenha a competitividade com o atual modelo", ressaltou.
Além da Sun, que começou a dar apoio aos softwares livres em 1981, empresas como IBM, Oracle e SAP hoje também dão suporte ao modelo aberto.

http://www.abril.com.br/noticias/reuters-tecnologia/noticia-detalhe.shtml?2008-04-19-16110

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