domingo, 6 de abril de 2008

KASTRUP, Virgínia. Uma figura empírica da ontologia doo presente. 27/03/08

Pessoal, finalmente o resumo do texto trabalhado em sala.


O texto estudado aborda os conceitos de rizoma de Giles Deleuze para definir o conceito de rede, utilizado por Bruno Latour para pensar a criação dos híbridos.

O conceito de rede é oriundo da topologia. A rede não é definida por sua forma, limites, mas por suas conexões, ou seja, tem como único objetivo constitutivo o nó, sendo caracterizada pelo primado da linha sobre a forma. Isto evoca o conceito de rizoma, de G. Deleuze e F. Guattari.

São os princípios de funcionamento do rizoma: 1) princípio de conexão, que o define como um sistema acentrado, que se conecta por contato e em todas as direções; 2) princípio de heterogeneidade, que revela que o rizoma não é de natureza lingüística; 3) princípio de multiplicidade, é o princípio ontológico mais importante. Mostra que o rizoma não é uma totalidade unificada, nem é composto de totalidades ou formas puras, sendo então o princípio de diferença interna, de autocriação; 4) princípio da ruptura a-significante, respondendo pela tensão permanente entre o movimento de criação de formas e organizações, e de fuga e desmanchamento dessas mesmas formas; 5) princípio da cartografia, apontando que o pensamento sobre o rizoma não é representacional, mas inventivo; 6) princípio da decalcomania, segundo o qual deve-se “religar os decalques ao mapa, relacionar as raízes ou as árvores a um rizoma” (p. 83).

Um dos pontos principais do conceito de rizoma e apontar para um domínio anterior a todas as dicotomias, é afirmá-lo como um sistema aberto e que nega a causalidade linear, transformando a noção de tempo. Assim, o modo de funcionamento do rizoma marca o rompimento com o princípio de causalidade.

O rizoma seria então uma condição, não uma causa; não é uma forma, é a condição de existência das formas. O rizoma tem duas faces: ele é método e é também figura da ontologia de Deleuze e Gauttari. A rede é uma encarnação, uma versão empírica e atualizada do rizoma. Para Latour, os híbridos emergem da rede, bem como a ciência que os recusa.

ETERNIDADE, HISTÓRIA E TEMPO HETEROGÊNEO

No discurso da modernidade as duas expressões do tempo – a eternidade e o tempo histórico – aparecem como casos particulares de uma mesma maneira de conceber o tempo. Porém, a distinção entre essas duas maneiras de conceber o tempo é minimizada quando ambas são confrontadas com uma terceira forma de temporalidade, que caracteriza o funcionamento das redes. Para Latour, é a existência dos híbridos que evidencia a contradição do projeto da modernidade; são eles seres “politemporais” cuja existência exige a consideração de um outro tempo. O paradoxo da modernidade não é uma contradição lógica, está localizado no real, que é paradoxal, complexo e portador de diferença interna [teoria do caos].

Latour buscou em Bergson, um filósofo ligado à ontologia do presente, elementos para pensar os híbridos. Para Bergson, a ontologia do presente é sustentada no conceito de virtual, segundo o qual a rede surge como uma figura empírica da ontologia do presente, o que significa situá-la no interior da problemática do tempo. Mas este tempo é estranho àquele que faz parte do discurso oficial da modernidade. Portanto, o presente ou atual não seria um estado, mas carregaria consigo o virtual, como uma espécie de névoa, trazendo consigo o devir [Deleuze]. O presente porta a duração no sentido em que participa do passado e aponta na direção do futuro.

Assim, a tese bergsoniana parece sustentar a concepção que Latour propõe dos híbridos. O híbrido é uma forma atual, sendo então portadora de virtual [tanto seres como objetos, tanto homens como aparelhos]. Em Latour, esboçam-se elementos para uma concepção de invenção no domínio do estudo da cognição na qual o novo não substitui o passado, rompendo com ele. O novo seria então definido pela ligação, coexistência de diversas camadas de tempo, conservadas e reunidas nas formas cognitivas da atualidade.

2 comentários:

Carmen disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carmen disse...

O texto apresenta 2 idéias importantes:
-> a idéia de rizoma
-> a idéia do "Atual"(onde o presente, passado e futuro se interligam)

A autora faz um aparato geral do conceito de redes questionando a noção de tempo e apresenta conceitos que comprovam a idéia de universalidade,invariabilidade e eternidade.
É uma teceira forma de temporalidade (pg 86)

As redes se dividem em:

*Rede Social Primária ou Informal: formada por relações que as pessoas estabelecem durante a vida cotidian(vizinhos,parentes,amigos).

* Rede Social Secundária ou Global: formada por profissionais e funcionários de instituições públicas ou privadas(ONGS, organizações sociais,etc).

*Rede Social Intermediária ou Rede Associativa:formada por pessoas que receberam capacitação especializada, tendo como função a prevenção e apoio.Pode vir do setor da saúde,igreja e até da própria comunidade.