quarta-feira, 26 de março de 2008

Texto: A história dos meios de comunicação - Dia 25/03

Nas palavras do próprio autor, “o objetivo (do texto) é esboçar uma história científica dos meios de comunicação – um delineamento pela simples razão de que as ciências dos meios de comunicação constituem um novo campo de pesquisa que não existiria se não fosse o avanço triunfal das modernas tecnologias de informação”.

Afirma que esta história passa por alguns problemas práticos (a documentação e o funcionamento dessas tecnologias não são acessíveis como o seu produto) e metodológicos (refere-se à determinação do que significa o termo comunicação)

Quando o termo comunicação foi usado pela primeira vez na filosofia, no ensaio de John Locke, comunicação significaria a transposição de idéias para o discurso e a ligação de indivíduos por meio de “vínculos de linguagem” (uma definição pobre, diante das inúmeras definições atuais de comunicação). Para o autor, o conceito filosófico exclui as possibilidades de se comunicar sem linguagem.

Kitller dirige a solução dessas dúvidas a Shannon e o seu conceito técnico da teoria matemática da comunicação (abordada no texto anterior). Assim como nesta teoria, Kitller ignora os aspectos semânticos da informação.

Para ele, os sistemas de informação dizem respeito à armazenagem, ao processamento e à transmissão de mensagens. Enquanto os sistemas de comunicação controlam, além das mensagens, o trânsito de pessoas e produtos, incluindo todos os meios de comunicação (de sinais de trânsito à linguagem). Sobre o processo de comunicação, aborda a tríade de “coisas comunicadas”: 1 - informação (pessoas reagem a mensagens); 2 - pessoas (não são objetos, “tornam possíveis a avaliação de coisas adicionais”); 3 - bens (troca de informação).

Retorna a Shannon citando um modelo de informação formal. Este compreende cinco estágios (fonte de informação, transmissores, canal, receptores e destinatário da mensagem). Este modelo de comunicação não apresenta o histórico dos meios. Então, inspirando-se em Luhmann, ressalta que as tecnologias de comunicação demarcam épocas e conclui que a transição da oralidade para a escrita equivale à transição de interação para comunicação, bem como a posterior transição da escrita para as mídias técnicas representam uma espécie de separação entre comunicação e informação

A partir disso, divide a história dos meios de comunicação em duas partes (blocos): escrita (inclui os manuscritos e a imprensa) e mídias técnicas (analógica e digital).

Sobre a escrita, Kitller traça uma linha do tempo, descrevendo métodos comunicativos, desde as sinalizações com fogo e manuscritos mais antigos até o surgimento de máquinas digitais. Na seção dos manuscritos, pode-se destacar: a importância da oralidade e a existência de mensageiros; o uso da escrita como estratégia nas pólis gregas; papiros em bibliotecas; ensino aos oficiais e tabeliões; surgimento da telegrafia por faróis; uso da indexação por códice; surgimento do papel, que gerou a ascensão de universidades e cidades comerciais. E na seção dos impressos, destacam-se: a tipografia, considerada a primeira linha de montagem da história da tecnologia - invenção de Gutenberg (impressão com letras móveis) -, coincidindo com a evolução do papel da época, que permitiu a elaboração de índices alfabéticos, criando um sistema de comunicação (evolução da escrita ao impresso); possibilitou o surgimento de periódicos; o aumento do interesse pela leitura; o surgimento do papel de celulose; e o surgimento da máquina de escrever.

A respeito das mídias técnicas, diz: “diferentemente da escrita, as mídias técnicas não utilizam o código de uma linguagem usual. Elas fazem uso de processos físicos que são mais rápidos do que a percepção humana e só são suscetíveis de formulação no código da matemática moderna”. Na seção telegrafia e tecnologia analógica, enfatiza: o surgimento do telegrafo óptico e mais tarde o telegrafo elétrico, considerado por muitos como a entrada na informática; auxílio na telegrafia, na imprensa, nos negócios (bolsa de valores - pequena perda de função dos correios); pela primeira vez, a comunicação separava-se da informação por meio de um fluxo imaterial - ondas magnéticas; surgimento de fonógrafo, telefone, fotografia e rádio (mais uma oralidade, instrumento que possivelmente contribui para a democratização da comunicação). Afirma que “tornar obsoletas essa intervenção humana e a automação de um padrão geral foi reservado à tecnologia digital”. Sobre esta, destaca: padronização geral das mídias; máquina de Turing (1936, início da tecnologia digital); máquina calculadora; surgimento do primeiro computador e seu posterior aprimoramento.

Segundo o autor, “não está longe o dia em que o processamento digital de sinais alcançará os limites físicos do hardware”, assim, quando o sistema de comunicação tecnológico for completamente operado pela máquina a história da tecnologia chegará ao fim (refere-se à automação). Entretanto, de acordo com a discussão em sala, pode-se concluir que o homem automatizou os meios, mas isto não significa que, no futuro, ele será dispensável. Foram citados como exemplo, filmes de ficção em que sempre há um homem para controlar um meio (desprogramando algo, por exemplo). Desta forma, ressaltou-se a importância do homem perante os meios.

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