quinta-feira, 6 de março de 2008

A tecnologia e as relações humanas

A revolução audiovisual, o surgimento de novos equipamentos e as novas formas de exibição não pode ser considerado como um processo tecnológico apenas. O que a tecnologia está permitindo é a convergência de idéias que até então vagavam desconectadas em pontos distintos do planeta.
Não podemos esquecer dos problemas ocasionados pela denominada “revolução audiovisual”. Flusser acusou o homem de ter criado um tipo de imagem no início do século XIX, pois parecia ser uma janela para o mundo e, na verdade, foi um completo sistema de cadeias da significação que afastou o homem do mundo.
A utilização de novas tecnologias promove uma modificação do universo humano. A fotografia, a televisão e o cinema começam então a nos forçar a alterar inclusive os verbos, o vocabulário, que tradicionalmente utilizamos para falar de comunicação. As imagens técnicas produzidas pelos meios audiovisuais estão se conectando, gerando novos sentidos entre os seres humanos, outras relações entre os diferentes nós que constituem a sociedade em rede contemporânea a partir da convergência proporcionada pelo avanço tecnológico.
Com a digitalização, os nossos telões domésticos de alta definição podem mostrar tanto as cenas e imagens vindas do outro lado do mundo quanto do quarto vizinho, dos provedores de conteúdo on demand, áudio de rádio digital de alcance mundial, hiperinformação online (jornais, revistas, TV aberta ou TV por assinatura), lojas virtuais e todas as formas de comércio virtual.
O desenvolvimento da tecnologia digital emerge os seres humanos em um universo on line. O livre acesso aos veículos comunicacionais determina a proximidade entre as diferentes comunidades, o conhecimento de novas realidades e construção de novas relações. Resta-nos saber se a convergência dos meios digitais, a formação de redes visualizada hodiernamente tenderá mais para a promoção da integração social ou para a superficialidade das relações humanas promovendo o isolamento dos indivíduos no mundo real.

6 comentários:

Anônimo disse...
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Álvaro Andrade disse...

O que me chamou a atenção nesse texto foi o seu final. De tudo isso, creio eu, o mais interessante é o questão proposta: a tecnologia e seus desdobramentos que mais tangenciam as relações humanas - "convergência dos meios digitais, a formação de redes" - nos afastará ainda mais ou nos unirá?
Creio que a resposta não depende de nenhum conhecimento tecnológico. Está claro que nossas relações já são e se tornarão cada vez mais dependentes da tecnologia. Desde as primeiras lâmpadas, que uniam pessoas ao seu redor, até a internet e suas comunidades virtuais, possibilitando que pessoas dos mais diversos cantos do planeta possam se encontrar, basta uma afinidade ou necessidade, a tecnologia vem nos unindo. Com essa proximidade (de idéias, não necessariamente física), está sendo possível conhecer cada vez mais quão complexos e diferentes somos uns dos outros; ao mesmo tempo, quais nossos pontos comuns. Hoje, desde as macroestruturas culturais de cada povo até o teor psicológico individual, exposto em blogs e fotologs.
Nunca a humanidade soube tanto de si mesma. Uma trilha nesse caminho me parece bem interessante. E cada vez mais gente segue junto.

Carmen disse...

Álvaro, para exemplificar o intuito do meu texto eu poderia tomar como exemplo, um software bastante atual que particularmente eu gosto muito que é o Orkut.
Tomando os conceitos de Barabási e Albert , por exemplo, percebemos que o orkut funciona a princípio como um software, com hubs ou "amigos de todo mundo" que se estabelecem a partir da ordem dos mais ricos, ou seja, da quantidade de membros.
Quanto maior for sua rede de amigos ou quanto mais membros tiver a sua comunidade, maior a popularidade dos mesmos.
A priori , o Orkut parece mostrar a existência de redes sociais amplas e altamente conectadas . Porém em muitos casos, nem todos os amigos são realmente amigos tornando estas conexões superficiais ou falsas no sentido da inexistência da interação social.
Mesmo porque, a manutenção de uma interação efetiva com um grande número de conexões torna-se muito difícil.Por isso, eu suponho que neste caso uma rede menor manteria laços mais fortes.
Espero com isso, ter esclarecido um pouco mais a minha linha de raciocínio.

Vinicius Borges disse...

a tecnologia e seus desdobramentos que mais tangenciam as relações humanas - "convergência dos meios digitais, a formação de redes" - nos afastará ainda mais ou nos unirá?

Também achei interessante a passagem final do texto, porém apesar de concordar com a idéia que o Álvaro cita em relação a dependência da tecnologia, eu não generalizaria tanto. E é nesse sentido que vejo o afastamento citado no texto. Não podemos esquecer que grande parte da população mundial não está ainda imersa nessa convergência; a maioria das escolas, principalmente públicas, não estão equipadas para a inclusão dos seus alunos e professores nesse contexo. A problemática do afastamento não tem a ver apenas com a adaptação das pessoas às novas tecnologias, mas também com o seu acesso.

laura disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
laura disse...

Estou vendo esse texto e os comentários só agora em 2013, e noto como a tecnologia avançou, agora com novas redes sociais como o facebook em que a interação social tornou-se cada vez mais dificil, ja que cada um vive em seu próprio mundo virtual.