terça-feira, 11 de março de 2008

Nos Passos da Tecnologia

A dança se alia às novas tecnologias e apresenta uma inédita formatação na contemporaneidade.

TEXTO: NADJA ALVES

foto de divulgação “Fresh Dance” . Tmoore
_ Software, cultura digital, projeto genoma, clonagem... A era da informação deixa cada vez mais tênue as fronteiras que separam não apenas a ciência e tecnologia como os outros setores da nossa vida em sociedade. Um caso que podemos constatar é o campo das artes, em especial a dança, que apesar de resistir por muito tempo, acabou se rendendo às possibilidades que as novas tecnologias podem proporcionar para a ampliação do horizonte de percepção, experiências estéticas e diferentes formas de pensar o corpo, configurado dentro de um espaço, seja ele espaço-temporal ou virtual.
_ É através desta nova realidade digitalizada que a dança se insere, criando novas vertentes, aliando sua linguagem à tecnologia. A coreógrafa, pesquisadora e coordenadora do grupo de pesquisa, Poética Tecnológica/LaPAC, da Escola de Dança da UFBa, Ivani Santana, explicita que “a exploração desta dança que promove o invisível em visível tem estabelecido conexões fortes entre a arte, a ciência e a tecnologia. Esse talvez, seja um dos aspectos mais importantes da simbiose dança/tecnologia”, e conclui afirmando que “Pensamentos e conhecimentos antes isolados, agora contaminados entre si, possibilitam a existência de uma arte sem fronteiras nestes campos, propiciando um novo entendimento destas informações".


Frutos da simbiose dança + tecnologia
_ Considerado como o pai da dança com mediação tecnológica pelos pesquisadores da área, o coreógrafo americano Merce Cunnigham fez uso do software Life Forms, como simulador coreográfico e também contribuiu para a criação do videodança, onde a coreografia produz sentido apenas dentro do formato vídeo, fundindo a dança com a linguagem videográfica. Segundo Santana, “até hoje Cunnigham ainda surpreende com sua articulação coerente com as tecnologias de ponta”.
_ A correlação entre a dança e a tecnologia apresenta variadas manifestações que pode variar de instalações, videodança, trabalhos multimídia, sistema computacionais e softwares voltados para o campo da dança com intermédio da tecnologia. Em 27 e 28 de julho de 2000 ocorreu uma performance telemática nos Estados Unidos, “Cellbytes”, que tinha como suporte a rede de telecomunicações responsável em estabelecer a conexão entre dois espaços separados geograficamente e que aconteciam simultaneamente, tendo como terceiro espaço de interação a web, com apresentação ao vivo. Santana afirma que “Atualmente existem muitos grupos interdisciplinares desenvolvendo trabalhos nesse campo da dança com mediação tecnológica. Eventos foram criados com o intuito de debater sobre as novas descobertas tanto no sentido técnico como no conceitual”.Conclui.
_ No início de 2007 o grupo de pesquisa da Escola de Dança da Ufba, Poética tecnológica, que desenvolve pesquisas desde 2004, elaborou um projeto de difusão e fomento da pesquisa artística e acadêmica no campo da dança com mediação tecnológica, o Mapa D2, cujo objetivo é a construção de uma plataforma virtual, tendo como principais ações o monitoramento dos profissionais brasileiros que pesquisam na área da dança e tecnologia e ações e estratégias para o desenvolvimento deste campo no país.
_ A interatividade promovida pela era digital proporciona a reconfiguração e reconstrução das idéias, o pensar o corpo, contaminado pelo meio orgânico e o digitalizado. Nesta fusão homem-máquina vivenciado cotidianamente e muitas vezes imperceptível devido a sua naturalização no contexto social, experimenta a sensação de ser mediador, transformador e catalisador daqueles que pesquisam e atuam no cenário da dança, e que se movimentam a passos largos no caminho da tecnologia.
As idéias aqui apresentadas pela pesquisadora e coreógrafa, Ivani Santana estão presentes em seus livros: Corpo Aberto e a Dança na Cultura Digital.
Visitem também os sites:
www.poeticatecnologica.ufba.br
www.dancaemfoco.com.br
www.idanca.net

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