segunda-feira, 31 de março de 2008

Questão semântica

por Caio Tavares Leite Andrade

Como foi bem informado em post anterior, integrantes de quadrilha que cometia crimes com o uso da internet foram condenados. Os envolvidos - alguns residentes na Bahia - foram indiciados, após prisão no ano de 2006, pelos crimes de formação de quadrilha e interceptação ilícita de comunicações de informática.

Esses casos de criminosos usando as novas tecnologias de informação e comunicação para cometer crimes estão cada vez mais presentes nas páginas dos jornais brasileiros. Uma coisa interessante desse caso que foi noticiado na página 16 do jornal "A Tarde" do último domingo (30/03/2008) foi o fato da manchete fazer uso do termo "cracker" para designar os delinqüêntes.

Muitos acreditam que esse é o termo correto para se identificar as pessoas que usam conhecimentos de informática de forma anti-ética, causando danos a sistemas, sites ou pessoas. Por outro lado, "hacker" seria usado para identificar aqueles especialistas em informática que usam seus conhecimentos para criar novos programas, melhorá-los ou até ajudar empresas com seus sistemas de segurança, trazendo algum benefício. Mais do que simplesmente noticiar mais uma condenação de criminosos, o jornal atende a uma antiga reivindicação dos hackers, que sempre quiseram ser diferenciados dos integrantes do "dark-side hacker".

Sendo ou não esse um caso isolado, começa-se a ver mudanças no tratamento das questões que tangem à cultura da internet, ou cibercultura. Mas fica uma pergunta: no uso jornalístico de termos com origens nessa cultura, deve-se levar em conta o significado original ou o significado já consolidado no senso comum?

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