quarta-feira, 12 de março de 2008

Técnica e Tecnologia

Imagem: Christos Georghiou

No capítulo I Técnica e tecnologia do livro Cibercultura Tecnologia e vida Social na Cultura Contemporânea de André Lemos, o autor propõem um panorama da história da tecnologia explorando a filosofia da técnica para entender os paradoxos da tecnologia na atualidade.

As alunas Larissa e Silvana iniciaram a apresentação do dia 11 terça-feira definindo o conceito de técnica e tecnologia. A etimologia da palavra técnica é oriunda da palavra grega tekné que compreende as atividades práticas. Na concepção filosófica a tekné é definido como arte prática, o saber fazer humano.

Após esclarecimento da etimologia da técnica as alunas apresentaram o conceito de phusis que é segundo o autor o principio da geração das coisas naturais. Daí surge a distinção filosófica homem natureza em que os princípios das coisas naturais se opõem a tekné.

O pensamento filosófico Grego aponta a relação entre a tekné e a phusis como geradora de um processo chamado de poièses, que é definida pela passagem da ausência a presença, ou seja, um vir a ser.

A conceituação do termo técnica foi introduzida para que possamos entender a distinção, a partir do pensamento filosófico, do fazer humano em relação à natureza. As apresentadoras do texto pontuaram o pensamento de Platão e Aristóteles a cerca da técnica.

Para Platão os artistas dominadores da tekné produziam coisas que imitavam o ser. A partir desse pensamento propôs a distinção da tekné em relação ao saber teorico-contemplativo (épistèmé), considerando a contemplação como uma atividade mais digna.

Aristóteles segue com pensamento de subjulgamento da técnica. Para ele as atividades práticas, que geram coisas artificiais eram inferiores em relação à natureza, pela tentativa do artista de tentar imita-lás. A inferioridade dos seres artificiais é constatada, segundo Aristóteles pela incapacidade desses seres de possuírem auto-poièses que seria a capacidade de se auto-reproduzirem. A professora Karla Brunet retomou o ponto do pensamento Aristotélico remetendo a discussão das aulas anteriores, a exemplo de Stokinger que no contexto contemporâneo identifica a auto-poiéses nos meios técnicos através dos sistemas e processos que se autonomizam. O questionamento da autonomia das novas mídias foi novamente levantado.

A perspectiva etnozoologica

Retomando o pensamento filosófico sobre a técnica foi apresentada à perspectiva etnozoologica (André Leroi-Gourhan). Nessa perspectiva, a técnica aparece como elemento da evolução dos primeiros humanos que se confronta com a natureza. Na zoologia a técnica era de maneira especifica medida pelo uso de artefatos mediadores da relação do homem com seu meio natural. O exemplo de caráter zoológico da evolução do córtex foi apresentado como um dado da evolução da técnica que influenciou a evolução da espécie humana resultando na definição do homo-sapiens.

A perspectiva etnozoologica permitiu que Leroi-Gourhan afirmasse que "a aparição do homem é a aparição da técnica" concluindo com a idéia de que a natureza humana possui essencialmente processos de desnaturalização do homem.


Modernidade e a técnica do século XX

A compreensão da técnica na modernidade é estabelecida segundo Simodon através da teoria da evolução dos objetos técnicos definido em três níveis de desenvolvimento:
Primeiro nível: O elemento( ferramenta)
Segundo nível: O indivíduo: (a máquina)
Terceiro nível: O conjunto:( industrias)

O primeiro nível é o nível mágico de sacralização da natureza.O segundo nível marca a modernidade, momento em que o homem é substituído pela máquina, fase de controle e domínio da natureza, caracterizada como modernidade tecnico-científica. O segundo nível dos conjuntos técnicos se estabelece na segunda revolução industrial período de desenvolvimento da energia termodinâmica e nuclear. O terceiro nível surge como novo paradigma de evolução definido como nível das redes que através de computadores traduzem natureza em dados binários. Essa seria a superação do uso da matéria e da energia onde os bits substituem os átomos. Surge neste nível a cibercultura


"A técnica como modo de desvelamento"

Martin Heidegger revela um pensamento não instrumental a cerca da técnica ao definir a produção como poièse. Para Heidegger a poièsis é o ato de desvelamento da verdade que pode ser natural ou artificial. Logo o filosofo chega a conclusão de que a técnica é um modo de desvelamento,um modo de existência do homem no mundo

Heidegger apresenta a essência da técnica moderna ou seja a tecnologia como gestell ou o arraisonnement(disposito). A essência da técnica moderna, ou seja, o dispositivo técnico é uma provocação científica da natureza devido a força e energia em que a natureza é forçada a liberar para o controle e manipulação humana.


Tecnocultura e modernidade

A tecnocultura se encontra na fase definida pelo autor de fase da ubiqüidade é nessa fase que a Cibercultura se estabelece caracterizando-se como fase da simulação onde se tem a idéia do vácuo espaço-temporal. Esse ponto é caracterizado por alguns pensadores como o fim da história.


Fases do desenvolvimento técnico na história

1 Pré-história- fase mágica-religiosa-sacralização da natureza -nível do elemento- ferramenta-fase da indiferença

2 Primeiras civilizações- escrita

Grécia - Filosofia-mitos-bloqueio da evolução técnica-Imperio

Romano-tecnica administrativa-arquitetura-cidades

3 Idade média- energia-eminência do progresso

4 Era moderna - Renascimento-maquinismo-razão-espirito científico -dessacralização da natureza -nível do individuo-maquina- fase do conforto-fase da Ubiqüidade

1° Revolução Industrial - progresso-tempo e movimento-nivel do conjunto (indústrias)

2° Revolução Industrial - carvão, máquinas, vapor, química, eletricidade.

3° Revolução Industrial - energia nuclear, biotecnologia, informática, informação.

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